domingo, 12 de março de 2017

Numa Folha, Leve e Livre







Quero dormir na água das palavras
que amam o silêncio
e a lentidão da luz
que é o fulgor de uma evidência indecifrável

Quero ser a concha do ingénuo sossego
de uma flor branca
como o monótono murmúrio
de uma respiração solar

Quero ser o ouvido de veludo
de um insecto azul
e quero beber a linfa do olvido
numa boca de argila
para sentir a monotonia ardente
da garganta da terra


 António Ramos Rosa, Numa Folha, Leve e Livre (2013)
Fotografia de Manuel João Ferreira Múrias

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